A economia européia nessa época reunia aspectos feudais e capitalistas. Dos vínculos com o sistema feudal, mantinham-se, basicamente:
- O sistema das corporações de ofício surgido na Baixa Idade Média, responsável pela produção artesanal nas cidades;
- As formas de trabalho servil no campo, que obrigavam os camponeses à corvéia (trabalho gratuito nas terras do senhor) e ao pagamento da talha (entrega de parte da produção ao senhor) e do dízimo (contribuição dada à Igreja);
A presença de características do capitalismo era observada, notadamente:
· Na produção realizada segundo o sistema doméstico, no qual os artesãos trabalhavam em casa, com suas próprias ferramentas, por encomenda de um comerciante. Essa foi a forma encontrada por alguns comerciantes de contornar as restrições impostas pelas corporações de ofício, numa época de expansão dos mercados. Depois de algum tempo, esses comerciantes perceberam que aumentariam ainda mais a produção e os lucros se reunissem os artesãos num único local como trabalhadores assalariados. Surgiram assim as primeiras manufaturas;
· Na rápida difusão do trabalho assalariado;
· No surgimento de novas formas de organização econômica, como sociedades anônimas, bancos, documentos de crédito, etc.
Essa foi a época do capitalismo comercial ou mercantil, quando se realizou a acumulação primitiva de capital. A expressão designa um longo processo histórico durante o qual se reuniram as condições necessárias (dinheiro, equipamentos, fábricas, mão-de-obra, etc) para impulsionar o capitalismo industrial, a partir da segunda metade do século XVIII (1700).
Na fase do capitalismo comercial, a burguesia conseguiu concentrar enormes riquezas, que foram investidas posteriormente na produção fabril. A essas riquezas juntavam-se, ainda, os ganhos com o comércio internacional, incluídos aí o tráfico de africanos escravizados e a exploração colonial da América.
Ao mesmo tempo, na Inglaterra – país em que ocorreu primeiro a acumulação primitiva de capital -, muitos camponeses perderam suas terras para grandes proprietários criadores de ovelhas e viram-se obrigados a migrar para as cidades, onde se tornariam trabalhadores assalariados. Muitos artesãos também foram arruinados pela competição com grandes comerciantes e fabricantes.
Camponeses expulsos da terra e artesãos arruinados perderam seus meios de produção, passando a vender sua força de trabalho nas cidades em troca de um salário. Essa mão-de-obra assalariada foi fundamental para a formação das manufaturas e, posteriormente, das grandes fábricas. Sem ela, as riquezas acumuladas pela burguesia não teriam dado origem ao capitalismo industrial.